segunda-feira, 23 de março de 2020

Medo

Por muito tempo estagnei minha vida, com medo.
Na realidade eu sempre tive medo, medo dos julgamentos, dos olhares, e então esse medo me sufocou ao ponto de não sair mais de casa por mais de um ano. E nesse período de isolamento onde me forçava ao trabalho e fora essa obrigação essencial o resto de meu tempo era estar deitada, segura no meu quarto.
E então surgiu um medo, um dos que até hoje está em mim, dormir que era a coisa que mais me trazia paz começou a ser algo assustador, entre pesadelos, e paralisias; o medo de dormir me trouxe então a insônia. E até hoje não tem um dia que não acorde no meio da noite com o coração acelerado e com a garganta apertada.
E agora já tem quase dez anos que convivo, em determinado ponto a gente acostuma, só que chega um momento em que isso começa a não afetar mais só você, reflete no seu dia dia, nos seus relacionamentos sociais e afetivos.  E na incansável tentativa de não afetar mais ninguém se fechar é a coisa que parece mais acessível. E não tem como pedir entendimento para algo que nem a gente mesmo entende. E hoje meu medo é que isso nunca passe. 

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